Por Tiago Furlan

Difinitivamente não há duvidas nenhuma de que o HEADHUNTER DC é um dos maiores nomes do Metal extremo em nossas terras e porque não mundial, nada mais nada menos são mais de vinte anos defendendo essa bandeira com orgulho e amor ao verdadeiro sentimento headbanger (coisa meio esquecida hoje em dia...)
É com um extremo prazer mesmo que trocamos uma idéia com o vocalista Sérgio "Ballof" Borges, confiram e admirem ainda mais esse pilar do Death Metal!!!! Hailz Hunters!!!!


PERVERSEFIRE ZINE: Bom, em primeiro lugar nos dê detalhes de como foi a turnê sul-americana realizada por vocês... Quais os pontos positivos e negativos deste momento que com certeza marcou a jornada do grupo?

Sérgio “Baloff” Borges: A “Spreading the Death Cult… Tour 2007 (destruyendo Sudamerica)” serviu como pré-lançamento do God’s Spreading Cancer... – já que o álbum ainda não havia sido lançado na ocasião – e comemoração pelos 20 anos da banda. Apesar de todas as dificuldades que enfrenta-se numa turnê nesses moldes, com todos os percalços que a estrada do Underground inevitavelmente traz, procuramos ver essa tour apenas sob uma ótica positiva, principalmente levando-se em consideração que foi a primeiríssima vez que cruzamos as fronteiras do Brasil. Tratou-se de mais um grande acontecimento em nossa carreira, uma tour repleta de shows memoráveis e grandes encontros com nossos irmãos sulamericanos. Foi exatamente um mês na estrada, num total de 13 shows – se incluirmos aí o show de B. J. da Lapa/BA em Dezembro/2006 como sendo o primeiro. Tocar em Santiago, no Chile, por exemplo, cuja cena já acompanhávamos desde o final dos ‘80’s via bandas como MASSACRE, SADISM, ATOMIC AGGRESSOR, TOTEN KORPS, DEATH YELL, APOSTACY, HOLY ATROCITY, entre outras, foi inesquecível. Tivemos uma receptividade super calorosa lá, com muito churrasco, cerveja de 1 litro e, logicamente, todos aqueles maníacos e maníacas chilenos batendo cabeça e berrando nossas músicas num dos melhores shows da turnê. La Paz e Santa Cruz De La Sierra na Bolívia e TODOS os shows aqui no Brasil também foram foda! – lembra-se do show no Hammer, Furlan? ARGHHHH!!!!!!! KILLER!!!!!!!!! Além de estreitarmos os laços metálicos com nossos irmãos sulamericanos e vermos de perto a quantidade de admiradores que temos nos países onde tocamos (alguns tendo acompanhado a banda desde os seus primórdios), foi grande conhecermos ‘in loco’ as cenas desses países. A América do Sul possui uma cena incrível, cheia de guerreiros realmente devotados ao Death/Black Metal Underground e que realmente dão o verdadeiro suporte às bandas de seu continente, e isso é muito, muito apreciado por nós, um exemplo a ser seguido aqui no Brasil. Enfim, foi mais uma importante vitória em nossa jornada, algo 100% real, 100% underground, 100% untrendy, 100% anti-mainstream, realizado com muito esforço e dedicação e sem precisarmos nos submeter a “jabás” e coisas do tipo que só mancham nossa atual cena.


PERVERSEFIRE ZINE: Logo após essa turnê foi lançado o quarto opus intitulado God’s Spreading Cancer... Como foi seu processo de gravação e nos conte como vocês lidam com todo o stress que envolve uma gravação?

Baloff: Quando penso no desenvolvimento de God’s Spreading Cancer... em estúdio, logo me vem à mente uma ótima atmosfera, uma sintonia perfeita entre todos os que fizeram parte desse processo, tudo fluindo bem, sem stress, muito diferente do clima pesado durante as gravações de ...And The Sky Turns To Black..., quando rolaram alguns conflitos, tensão, problemas nos equipamentos, apreensão, como se a mais negra das nuvens estivesse bem acima de nós – talvez até influenciando na própria atmosfera daquele disco –, o que sem dúvida foi essencial para o resultado final do álbum como um todo. Gravamos “GSC” em um pequeno estúdio chamado Casa das Máquinas aqui mesmo em Salvador, o mesmo onde nós já havíamos gravado o cover do NECROVORE e as músicas para o split com o SANCTIFIER. Ficamos tão satisfeitos com o resultado dessas primeiras gravações que decidimos também registrar lá o álbum novo, e acho que faremos o mesmo com nossas próximas gravações, já que mais uma vez o resultado final saiu muito satisfatório. Embora se trate de um estúdio de pequeno/médio porte, existem alguns equipamentos muito bons lá, os quais aliados à experiência de seu engenheiro de som Tadeu Mascarenhas (que também é o dono do estúdio), tem feito algumas gravações muito boas. Enfim, o resultado de todo esse processo árduo (mas ao mesmo tempo muito prazeroso) é esse que você tem aí em suas mãos e adentrando seus tímpanos, e creio que toda a longa espera tenha valido a pena.
Sem dúvida ficamos muito satisfeitos com Gods Spreading Cancer..., e muito dessa nossa satisfação deve-se também ao trabalho sensacional realizado pelo grande irmão Thiago Nogueira, tanto pela sua produção (numa parceria vitoriosa na engenharia de som com o nosso não menos amigo Tadeu Mascarenhas, do Casa das Máquinas Studio), que proporcionou todo o peso, a crueza e ao mesmo tempo a qualidade que queríamos, numa união perfeita para um álbum de Brutal Unholy Death Metal, quanto pela sua performance como baterista, algo que já dispensa maiores comentários. Por outro lado, a performance de cada um dos membros da banda no disco logicamente foi essencial para que o mesmo atingisse a atmosfera contida ali. Enfim, estamos cada vez mais convencidos de que toda a longa espera de sete anos valeu a pena. Hell no longer awaits... Procuramos lidar com o stress que envolve cada gravação da melhor maneira possível. Tudo depende do entrosamento e nível de compromisso que cada membro tem com o outro e com a própria banda, ainda que às vezes alguns desentendimentos e climas tensos em estúdio sejam inevitáveis mesmo.


PERVERSEFIRE ZINE: God’s Spreading Cancer... foi lançado na Europa pelo selo alemão Obscure Domain Prods. Como se deu essa negociação e qual balanço você faria dessa aliança com eles?

Baloff: Nós conhecemos o Hacker da Obscure Domain Productions há aproximadamente oito anos, desde que enviamos para ele uma cópia do “...And The Sky...” para ser revisado em seu poderoso Unholy Terror ‘zine. Desde então desenvolvemos uma grande relação de amizade, respeito e admiração mútuos, até que ele veio com a proposta para lançarmos nosso novo álbum através de seu próprio selo de Death Metal. Apesar de ser um selo recém-formado à época, ficamos satisfeitos com o trabalho da Obscure Domain com o “GSC”, pois não se trata daquela típica relação fria banda/selo, mas sim uma relação de deathmetalheads para deathmetalheads, o que também é muito importante para nós. Acreditamos que o selo tem nos ajudado a espalhar ainda mais nosso nome e nossa música através de terras européias da mesma forma que temos ajudado-os a crescer dentro da cena, portanto estamos satisfeitos por estarmos onde estamos agora.


PERVERSEFIRE ZINE: Paralelamente outro selo, também alemão, lançou em vinil esse mesmo trabalho em uma versão comemorativa dos 20 anos da banda, é isso?

Baloff: Sim, trata-se da Evil Spell Records, sublabel da Undercover Records, do nosso grande amigo Alex Tiebel, que mostrou-se interessado em lançar o álbum em LP logo que mostramos a gravação a ele em uma de suas passagens por Salvador. O resultado foi um trabalho especial que nos deixou muito satisfeitos, tanto pelo reconhecimento do selo pelos nossos 20 anos de batalha, como pelo grandioso trabalho lançado: LP gatefold, pôster, um 7” EP de bônus (contendo nosso cover para “Slaughtered Remains” do NECROVORE) e metade da tiragem em splattered vinyl. PURE VINYL CULT!!! Aos interessados, esse é o site da UC/Evil Spell Records: www.undercover-records.de .


PERVERSEFIRE ZINE: A nível de Brasil, vocês estão satisfeitos com a aceitação de God’s...?

Baloff: Sim, cara, pelos comentários que temos ouvido/lido a respeito do disco, estamos, sim, bem satisfeitos com a aceitação de God’s... aqui no país. É sempre grande sabermos que ainda existem pessoas realmente devotadas ao Brutal old school Unholy Death Metal aqui no Brasil e que cada vez mais têm sido capazes de absorver da forma correta a verdadeira essência de nossos trabalhos.


PERVERSEFIRE ZINE: Poderíamos dizer que agora o HEADHUNTER D.C. estabilizou-se com sua formação? Você conseguiria dizer o por quê é tão difícil manter uma formação estável?

Baloff: Apesar de minha experiência com problemas de formação não me permitir ser tão otimista assim, acho que pelo tempo que já estamos com esse atual line-up posso dizer que estamos com uma boa estabilização com relação a isso, sim. A dificuldade para se manter uma formação estável pode vir de diferentes motivos, como a falta de comprometimento real de alguns músicos com os trabalhos da banda, por exemplo. É preciso que haja um forte e verdadeiro elo por parte do músico para com uma banda que trabalha sério (e isso envolve muita dedicação e sacrifício), caso contrário sua curta permanência na banda será uma questão de tempo.


PERVERSEFIRE ZINE: Mais de 20 anos defendendo com honra a bandeira do Metal da Morte. Meu amigo Sérgio Baloff, me fale como é essa sensação?

Baloff: A sensação é justamente a de dever cumprido, não há como ser diferente. Quando digo “dever”, seria dever a nós mesmos, dever pela paixão que temos pela música/ideologia Death Metal, dever pelos nossos ideais, nossos próprios princípios, isso é importante para nós. Tenho me abdicado de algumas coisas em minha vida para me dedicar à banda e ao Death Metal da forma que tenho me dedicado durante todos esses anos, e apesar de algumas más conseqüências que essa minha, digamos, decisão vez por outra possa me trazer, não me arrependo de nada que foi feito até aqui. Until our last breath we’ll hail the Metal of Death!!!!!!


PERVERSEFIRE ZINE: Mas também infelizmente tem os momentos ruins e difíceis, não é? Diga-me com toda sinceridade, o que mais entristece você particularmente hoje em dia não só em nossa cena, mas no underground de uma maneira geral?

Baloff: Muita coisa me entristece e, às vezes, me desanima bastante dentro da atual cena, cara. O que eu vejo hoje em dia é que muito se é feito mais por uma espécie de obrigação do que pela paixão propriamente dita, paixão essa que deveria ser o maior propulsor para o verdadeiro furor metálico dentro de um verdadeiro maníaco por Metal, como muito facilmente víamos nos anos de glória – este que vos fala é um grande exemplo de um antigo maníaco movido 100% pela paixão verdadeira pela música pesada, profana e extrema. Conseqüentemente, vemos uma competição desenfreada, regada de banalidades e discursos baratos. Como não se entristecer diante de um quadro desses? De qualquer forma, também procuro ver o lado bom, positivo das coisas atualmente, e é justamente esse lado que mantém nossa esperança de que nem tudo está perdido no Underground dos dias atuais.


PERVERSEFIRE ZINE: Faria tudo de novo? Começaria hoje do zero toda trajetória novamente?

Baloff: Acho que sim, apesar das pedras no caminho. Tudo tem sido feito com muita verdade, lealdade, honestidade e sinceridade, adjetivos não tão fáceis de serem encontrados hoje em dia, então faria tudo novamente, sim, com a mesma dedicação de sempre.


PERVERSEFIRE ZINE: Todos os lançamentos do HEADHUNTER D.C. tiveram grandes intervalos de tempo entre um e outro, não é? Vocês não vão nos deixar novamente sedentos por um CD, vão? Quando teremos alguma novidade?

Baloff: Sim, é verdade, mas como todos sabem (ou pelo menos deveriam saber) esse desequilíbrio entre os anos de existência e os álbuns lançados independem totalmente de nossa vontade e de nossa capacidade de criar hinos de morte e brutalidade profana, já que os já conhecidos problemas com o line-up e os impasses enfrentados com os selos têm sido os grandes responsáveis por esse quadro, mas estamos trabalhando duro para tentar compensar todos esses hiatos. De qualquer forma, como eu tenho falado algumas vezes, se não houver uma certa demora, por menor que seja, com certeza não se tratará de um novo álbum do HEADHUNTER D.C., hahahahaha!!!!!! Mas daremos o nosso melhor para não demorarmos tanto com o nosso próximo esforço, até porque o atraso com o lançamento de “GSC” foi quase um martírio. Para isso já estamos em intenso processo de (de)composição de novas odes à decadência divina, o que nos leva a crer que já poderemos gravar um novo full length logo no início de 2010.


PERVERSEFIRE ZINE: Meu grande irmão Sérgio, muito obrigado por ceder esta entrevista ao Perversefire Zine! O espaço é todo seu e toda força ao poderoso caçador de cabeças!!!!!!!!!!!! Hail!!!!!!!!!!!!!

Baloff: Eu é que agradeço a você, grande amigo e irmão Furlan, pelo seu sempre precioso suporte ao HEADHUNTER DEATH CULT. Boa sorte com o Perversefire ‘zine, e que o mesmo possa engrossar nossas fileiras em prol do verdadeiro Metal Profano da Morte! De mais novidades em nosso ‘bunker’, nós já iniciamos os trabalhos com o nosso longamente planejado CD duplo comemorativo dos 20 anos o qual será intitulado The Darkest Archives... From the Death Cult (1987 – 2007), apenas com materiais raros da banda de nossos arquivos pessoais a ser lançado em breve pelo selo peruano Crypts of Eternity Records. Além disso, estamos nos preparando para abrir a parte nordestina da tour brasileira da lenda do Heavy Metal americano, OMEN, entre junho e julho. Para mais novidades sobre o Culto da Morte, estejam sempre atentos ao nosso site oficial www.headhunterdc.net e à nossa página no Myspace www.myspace.com/headhunterdc. Um grande abraço a todos, mantenham-se brutais e unam-se a nós para uma real aliança deathmetálica! Death Metal rules supreme!!! LONG LIVE THE DEATH CULT!!!!!! SALVE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



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